"Espelho, espelho meu, existe alguém que reflita mais do que eu?" (Martha Medeiros) - Um blog para ser apreciado como um espelho do mundo, da mídia, da educação... e também um "espelho meu"!
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Internet e cognição
“A televisão me deixou burro /muito burro demais/agora todas as coisas que eu penso/me parecem iguais”. Lembra desse hit dos Titãs? A música é de 1985 e fazia uma crítica ao telespectador passivo em frente da telinha, deixando-se manipular pelos conteúdos da mídia.
Agora, pesquisadores americanos questionam os efeitos da internet sobre o cérebro humano. Sabe-se que a rede é tecida pelos hiperlinks, os nós de conhecimento, e que uma de suas características é a não linearidade de leitura, uma vez que, se o link for atraente, o leitor pode ir “saltando” entre páginas, telas, janelas.
Na edição de agosto da revista Galileu, a reportagem de capa indaga: “A internet está deixando você burro?”. Para Nicholas Carr, autor do livro The Shallows: What Internet is Doing to Our Brains (Os rasos: o que a internet está fazendo com o nosso cérebro), o uso constante da internet com todos os seus atrativos (MSN, links, várias janelas abertas, leitura de e-mails, visualização de vídeos, etc.) está alterando o modo de funcionamento cerebral. As leituras na rede tornam-se apressadas e superficiais, não há tempo para que a informação seja armazenada adequadamente no cérebro. Segundo os estudos desenvolvidos, quanto mais leituras não lineares (interrompidas com freqüência) são feitas, menor se torna a capacidade de memorização e, portanto, reduz-se a capacidade cognitiva. Isto porque “‘(...) necessitamos de atenção para que possamos aprender’, afirma Paulo Henrique Bertolucci, professor de neurologia clínica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)”*.
Nenhum dos autores citados na matéria afirma que a internet é de todo nefasta. Pelo contrário, o que pregam é que além do uso da internet, as pessoas destinem algum tempo para a leitura de livros e revistas, uma leitura linear e sem interrupções. Isto, supõe-se, garantiria um reforço na criatividade, na imaginação e também um enriquecimento vocabular. A internet não é o problema, nem há como evitá-la, o problema está na sobrecarga de tarefas desenvolvidas online e na quantidade absurda de estímulos diversos recebidos durante o período de conexão.
Quatro depoimentos ilustram o artigo. São jovens profissionais entre 20 e 25 anos que relatam suas experiências com a internet e os efeitos dessa utilização no seu dia a dia. Lapsos de memória, dificuldade em memorizar obras literárias, necessidade de verificar e-mails com frequência são alguns dos problemas apontados. E a matéria acaba indicando 5 soluções para a “desintoxicação” da web: estabelecer um horário fixo para acessar e-mails e twitter (como forma de diminuir a ansiedade); eliminar links e distrações da tela (para garantir maior capacidade de concentração); passear no parque (como uma forma de acalmar a mente); exercitar o cérebro com livros e rádio (para estimular áreas que a internet não atinge) e permanecer desconectado por algum tempo (para relaxar o cérebro).
Costuma-se dizer que “menos é mais”, talvez isso possa ser aplicado à web também. Com moderação ela não causará nenhum dano cerebral e incluir livros, música, passeios, exercícios físicos na rotina diária ou semanal certamente não fará mal nem ao espírito, nem à mente, nem à capacidade cognitiva e muito menos ao físico.
(*PONTES, Felipe; MALI, Tiago. A internet está deixando você burro? Revista Galileu. Rio de Janeiro: Globo, nº 229, ago. de 2010, p. 38-47.)
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ANdréa muito interessante a postagem deste texto, pois em muitos aspectos, podemos nos identificar. Na experiencia pessoal que estamos vivenciando chegamos a conclusão qiue o quanto mais nos propusemos a desafios, mais possibilidades descobrimos em nós.
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