Destaque do Mês

Internet e cognição

sábado, 31 de julho de 2010

Professores blogueiros? Por que não?

Eu sou do tempo em que o diário (ou a agenda) ficava guardado a sete chaves. Escondia segredos, como o papel do bombom recebido de alguém especial ou a descrição pormenorizada de um momento, uma data, uma sensação. Era uma espécie de amigo imaginário, para quem eu registrava os acontecimentos mais importantes. Ah, e ele tinha que ficar escondido, fora do alcance de quem quisesse lê-lo sem permissão. Podia ser a família, os colegas... Tudo era sigiloso, revelar esses pequenos segredos seria um “mico”.
Hoje, a internet oferece opções para divulgarmos pensamentos, sensações, medos. Trata-se de compartilhar, não há mais a necessidade do segredo. Pelo contrário, disputam-se freneticamente os espaços na blogosfera. Recursos tecnológicos e liberdade de expressão marcam um novo momento, uma atualização do bom e velho “diário”.
Os blogs, segundo Hewitt, “são sites da internet em um tom pessoal que conquista a confiança dos leitores, proporcionando sua fidelização (...)(2007, p.176)”. É esse tom pessoal, de conversa entre amigos, que o torna tão próximo do diário de outrora. A diferença é que, agora, as informações são disponibilizadas na rede e podem ser comentadas.
Os blogs invadiram a internet e o mundo. Há blogs sobre quase tudo: política, literatura, arte, apoio a portadores de doenças, universidades, escolas, jornalismo, TV, rádios... “Onde há interessados, há espaços esperando para serem ocupados pelos blogs” (HEWITT, 2007, p.180). O fato é que estes sites expandiram o universo autoral: todos podem escrever, publicar suas idéias, tecer comentários e análises sobre o que acontece ao seu redor. Assuntos pessoais ou não, tudo é válido quando se cruza a fronteira digital.
Mas blog educativo é possível? E professores blogueiros? Um blog com fins didático-pedagógicos é uma nova forma de comunicação entre o professor (a escola) e o aluno “nativo digital”. O importante é que o blog permite uma aproximação entre esses interlocutores, justamente pelo diferencial de igualdade, compartilhamento de idéias, co-autoria e diversão. Porque no blog, mesmo que se discutam coisas sérias, o tom será mais leve, informal, prazeroso.
Além disso, a utilização de imagens pode ajudar a enriquecer o ponto de vista dos alunos, uma vez que pode levá-los a “ler o mundo” com mais criticidade. Ao transpor os limites da escola e colocar-se na blogosfera, o professor amplia sua aula, ganha o mundo e pode descobrir novas maneiras de atuar. Em rede, ganha os olhares e as contribuições de colegas e alunos, pode trocar experiências e estabelecer realmente a interdisciplinaridade. Mais ainda, consegue dar visibilidade ao seu trabalho, o que por si só já é bastante interessante, uma vez que vivemos num lugar onde “quem não é visto, não é lembrado”.
Mas para obter sucesso com um blog é preciso estar atento a alguns segredos:
• “Atualize sempre.
• Crie links livremente.
• Seja generoso nos elogios e nos créditos.
• Não seja sempre prolixo, e de preferência nunca. A concisão é a alma do blog quando você está começando.
• Os parágrafos são seus amigos.
• Obscenidade espanta o público.
• Evite rixas e brigas apaixonadas.
• Pelo menos no início, evite a seção de comentários.(...)
• Tenha um título curto e fácil de lembrar de modo que facilite a memorização e possa ser exibido no alto da página” (HEWITT, 2007, p. 184-85).
Ter um blog requer predisposição para mantê-lo atualizado e com conteúdo novo e interessante para o leitor. Tudo é muito rápido na blogosfera e é necessário que o professor assuma o compromisso de disponibilizar algo que instigue o aluno a permanecer conectado para que o propósito educacional se efetive.


Fontes:

HEWITT, Hugh. Blog – entenda a revolução que vai mudar seu mundo. Tradução de Alexandre Martins Morais. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007.

VASCONCELOS, Nelson. Sete motivos para um professor criar um blog.

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